Por Elenise Rita Hoffmann
As empresas familiares são maioria no agronegócio, mas pouco se fala da sua importância frente ao cenário econômico brasileiro. Pensar na continuidade destas empresas é o que a Safras & Cifras propõe, através da organização do negócio, família e patrimônio.
Baseada na experiência adquirida em quase 30 anos no mercado, é possível afirmar que muitos produtores não se veem como empresários de sucesso, quando na realidade a coragem e o empreendedorismo foram os propulsores do desenvolvimento do negócio e das conquistas do patrimônio. A dedicação ao trabalho e o desejo de crescer são refletidos em cada relato de homens e mulheres que abriram fronteiras agrícolas e alcançaram o sucesso nesta empreitada.
Para facilitar as relações entre os membros de uma família empresária é preciso construir regras claras. É importante salientar que, no contexto do agronegócio, família e negócio andam entrelaçados e, quando um deles não vai bem, o outro sofre as consequências. E, em momentos de alterações climáticas e redução de produtividades, como as que estamos presenciando em 2016, ser persistente em relação aos negócios e manter as relações familiares saudáveis são condições fundamentais para perenizar o patrimônio e garantir a continuidade do negócio, geração após geração.
Dessa forma, os oito p’s da governança, descritos brevemente abaixo, são importantes ferramentas para apoiar as famílias empresárias na busca por esses objetivos:
– Propriedade: oferecer proteção ao patrimônio familiar;
– Perpetuidade: garantir a continuidade do patrimônio e negócio, através de combinações entre os membros da família;
– Papéis: identificar os principais direitos e deveres dos herdeiros, gestores familiares e sócios;
– Poder: delinear a linha hierárquica no negócio, preservando a cultura e valores peculiares de cada família empresária;
– Princípios: identificar os valores familiares que contribuíram no sucesso do negócio e que serão responsáveis por manter acesa a chama da continuidade;
– Propósito: definir a estratégia da empresa familiar, no que tange a perpetuação do patrimônio e negócio;
– Profissionalização: formalizar as funções e entregas profissionais dos gestores familiares;
– Prática: tornar rotina o exercício de comunicação e aplicação das combinações feitas sobre o negócio familiar.
Colocar em prática essas ferramentas é uma tarefa que exige da família empresária o desejo de continuidade e do equilíbrio das relações. Significa identificar melhorias em algumas práticas de gestão do negócio e exercitar a comunicação entre todos.
No entanto, é preciso ressaltar que essas ferramentas se direcionam à gestão do negócio e não no processo de produção e de inovação do mesmo, pois esses fatores são exclusivos de cada família empresária e não devem ser mudados. A adoção dessas ferramentas de gestão oportuniza à família construir outras práticas de gestão sem alterar seus valores, sua cultura e, consequentemente, seu DNA empreendedor.
Elenise Rita Hoffmann
Graduada em Administração de Empresas e Psicologia e
MBA em Gestão do Comportamento Organizacional
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