Empresas rurais familiares: trilhando o caminho para a continuidade e a excelência

Por Rodrigo Enderle

Em empresas familiares a harmonia entre os sócios, a solidez do patrimônio e a eficiência da gestão serão objetivos conquistados quando: for definido um planejamento capaz de converter princípios e intenções em regras e recomendações claras e objetivas, que serão formalizadas e passarão a orientar as relações entre família, negócio e patrimônio.

Sobre isto, a experiência mostra que o crescimento e o fortalecimento dos negócios familiares estão alinhados à adoção e a aplicação de boas práticas de gestão e de proteção do patrimônio.

Desta feita, trazemos à luz abordagens que consideramos “questões chave” para os desafios enfrentados pelas empresas familiares, na busca pela continuidade e pela excelência na gestão. Assim apresentamos:

Por que a sociedade familiar? A realidade mostra que há empresas cuja principal virtude é ser justamente uma empresa familiar. Não são corretas as afirmações de que são melhores as empresas conduzidas por técnicos estranhos à família ou que as sociedades não controladas por uma família são mais saudáveis.

O fato gerador é a qualidade da vida societária, da administração e gestão empresarial, sendo que a excelência pode estar numa família ou entre técnicos profissionais. Há incontáveis experiências nas quais se percebe que o melhor de uma empresa, sua força, seu diferencial, sua vantagem, são os laços familiares e a convicção nos valores que foram transmitidos de geração para geração.

No entanto, há que se pesar o fato de que a empresa familiar tem desafios próprios e eles precisam ser conhecidos, estudados e tratados. Por isso, é preciso trabalhar a família para adequar-se à empresa, aproveitando seu bônus e assumindo seu ônus. Na empresa, os familiares são sócios e, assim, seu comportamento e atuação deverão ser orientados por regras.

Como lidar com o patrimônio? Não deve ser visto como herança, dessa forma fomenta-se a intenção de dividi-lo entre os futuros herdeiros e, provavelmente, o que era um bom negócio, ao dividir, tornar-se um péssimo negócio. Nestes casos, é comum a divisão do patrimônio e a venda para terceiros, pois a escala de produção contribui sobremaneira para o sucesso dos negócios rurais. Outro complicador relacionado ao patrimônio, e a este se pode atribuir a condição de principal gerador de conflitos familiares, é o paradoxo de “como proceder a divisão física de uma propriedade rural? ”. Ou seja, como dividir entre os herdeiros aquilo que antes formava uma única unidade de produção? Analogamente, como dividimos um silo, um açude, um afloramento rochoso, etc?

Por que planejar a sucessão do patrimônio e do negócio? É geralmente no momento da sucessão que a emoção e a racionalidade entram em conflito; estes embates podem causar danos às relações familiares e ao negócio que, muitas vezes, serão irreversíveis. Estamos tratando da obra de uma vida, que custou anos de muito trabalho e esforço para ser construída, por isso que planejar e organizar a “passagem do bastão” será fundamental para a continuidade destas conquistas.

Para dar início a esse processo não existem data e hora exatas. Existe sim o momento adequado, em que a família encontra-se em harmonia e conta com a presença ativa de todos os seus membros. É necessário ter em mente que, na maioria dos casos, a letargia em estabelecer um ponto de partida pode ser prejudicial para a empresa, pois a sucessão dar-se-á de forma não planejada, correndo todos os riscos já citados.

Por que a governança fortalece a empresa familiar? Equidade de direitos e deveres dos membros da sociedade, transparência no funcionamento do negócio e responsabilidade corporativa de todos em prover o crescimento e a continuidade da empresa são princípios fundamentais de governança que, uma vez formalizados em regras e apoiados por ferramentas de controle e conformidade, contribuem:

– Para redução de conflitos resultantes de questões sucessórias;

– Para delimitar a diferença entre patrimônio e negócio, evitando confusão de papéis na estrutura organizacional;

– Para regrar, por um lado, a remuneração devida pelo patrimônio e, por outro, o trabalho, controlando as assimetrias entre interesses societários e familiares;

– Para criar mecanismos de discussões e encaminhamentos de questões divergentes, padronizando agendas, pautas, fóruns e regras de votação;

– Para formalizar as ferramentas de controle e de prestação de contas, tornando-as confiáveis, transparentes e de fácil compreensão;

– Para melhoria da qualidade das informações prestadas aos sócios, aproximando da gestão aqueles que não trabalham diretamente na empresa;

– Para citar os principais, entre tantos outros.

O caminho para a continuidade e a excelência passa pela reflexão de que o negócio familiar deve ser visto como um organismo dinâmico, as melhorias e dificuldades acontecem e surgem com o passar dos anos, pois envolvem mudanças na organização, na estrutura da família e na distribuição do patrimônio.

A Safras & Cifras atua há 26 anos prestando consultoria e assessoria a empresas rurais familiares de todo o país e entende que este caminho tem que ser mapeado e a jornada, por sua vez, planejada, por isso mantém-se em constante atualização, para propor aos negócios de família soluções inovadoras e eficientes.

Rodrigo Enderle
([email protected])
Graduado em Administração de Empresas

Compartilhe este conteúdo

Posts relacionados

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site. Para mais informações, visite nossa Política de Privacidade.

Abrir conversa
1
Olá👋
Como podemos ajudar?