Proteção da Empresa Rural Familiar: quais os riscos e o que devo fazer para proteger meu negócio?

Em um mundo cada vez mais acelerado e em constante mudança, estar preparado para adversidades é fundamental a toda empresa que busca prosperidade, e em especial, no meio das empresas rurais familiares. Haja vista que são muitos os fatores que podem colocar em risco a harmonia da família, e por consequência, o patrimônio e a longevidade dos negócios, é necessário falar sobre a proteção da empresa rural familiar.

Nunca é demais ressaltar que o agronegócio possui papel fundamental para a sociedade brasileira, e portanto proteger seu principal ativo, as empresas rurais familiares, é essencial para o desenvolvimento e bem-estar da sociedade como um todo.

A proteção da empresa rural familiar leva em consideração pontos essenciais envolvendo a tríade: família, negócio e patrimônio. São práticas constantes e que têm o intuito de proteger o negócio perante adversidades internas, ou seja, problemas relativos à família, e também externas, que são questões que fogem do controle da gestão.

Por isso, é fundamental que todo produtor rural pare e se faça a seguinte pergunta: o que pode colocar o meu negócio em risco nos próximos 5 ou 10 anos?

A resposta pode nem sempre estar na ponta da língua. Mas fique tranquilo! Acompanhe este conteúdo para saber alguns dos fatores que poderão colocar seu negócio em risco no médio e longo prazo, e como estar prevenido para qualquer tipo de situação, com as dicas práticas da Safras & Cifras.

Como proteger meu negócio?

Para compreensão inicial, é necessário dizer que a proteção da empresa rural familiar está diretamente relacionada a uma gestão de riscos. Se trata de analisar com prudência a situação e construir um planejamento capaz de enfrentar o inesperado da melhor maneira possível, minimizando eventuais prejuízos e até mesmo possibilitando se sobressair perante os desafios.

Assim, entende-se que a melhor forma de proteção do negócio está na profissionalização. Ou seja, no ato de estruturar processos e tornar o negócio confiável e seguro a longo prazo. Neste processo, estão inclusas ações como diagnóstico do patrimônio, planejamento de sucessão, implementação de regras, acordos e demais práticas de Governança, realização de uma Gestão Econômica e Financeira estratégica, um Planejamento Tributário eficiente, e outras ações que veremos em mais detalhes a seguir.

Com essa soma, as sementes plantadas continuarão a gerar frutos e, assim, será possível pavimentar o caminho para a preservação do patrimônio.

Fatores internos de risco

Ao falarmos em proteção, é preciso manter o foco sobre o que exatamente estamos tentando nos proteger. Entender quais são os riscos que podem ameaçar o futuro do negócio é fundamental, para a partir daí, começar a estruturar as estratégias necessárias de proteção.

Logo, listamos as ameaças mais recorrentes dentro das empresas rurais familiares, para você ficar atento.

1 – Separação de algum membro da família
Uma separação pode ser uma enorme dor de cabeça aos familiares envolvidos, caso não haja uma estrutura com regras relativas a esta questão. Por isso, é de extrema importância existirem acordos registrados e também que se tenha um plano de ação para buscar acordos ao invés de litígios judiciais.

2 – Briga entre membros da família
Se a família está em guerra o foco na gestão do negócio, produtividade e custos diminui, e corrompe o negócio e o patrimônio, sem falar nas relações. Nestes casos de conflito, o tempo, ao invés de melhorar a situação, tende a piorar se não houver intervenção. A principal forma de proteção aqui está na adoção de medidas de Governança e muitas vezes processos de negociação entre os membros através de um mediador para buscar acordos sustentáveis que voltarão o foco ao que importa.

3 – Interferência negativa dos agregados
Na medida em que a empresa rural familiar se expande, muitas vezes o ingresso dos agregados no negócio acaba sendo uma alternativa. Contudo, é preciso que seus papeis estejam bem definidos para evitar conflitos e interferências negativas, assim como que os problemas familiares repercutam na empresa e vice-versa.

4 – Retirada de alguns dos sócios
A organização societária precisa ser pensada com base em o que irá acontecer caso algum dos sócios precisar se retirar, ou seja, ter um “plano B” bem definido para essa possibilidade. Todavia, mais do que ter um plano para a saída, deve-se pensar numa sociedade que o sócio não queira sair, através de boas práticas de Governança e ambiente com regras claras e justas, transparência e comunicação.

5 – Falecimento do proprietário
O falecimento do proprietário do negócio pode se tornar uma grande crise interna, caso a organização não tenha se preparado para este momento. Um exemplo é se todas as propriedades da família estiverem em seu nome e não se tenha sido realizado um plano de sucessão e organização dos bens.

6 – Fiscalização fundiária, ambiental e trabalhista
Um dos principais fatores de risco, e que podem causar enormes impactos, pois poderão surgir repentinamente. E como se proteger? Fazendo um planejamento e estando dentro da legalidade antes da fiscalização, já com os documentos organizados e estruturados.

Abaixo, separamos um quadro de Matriz de Risco que ilustra a probabilidade do risco e o impacto de cada um dos seis pontos aqui trazido, em dois cenários analisados. No primeiro com uma propriedade sem estruturação de proteção, 100% na pessoa física do fundador e sem estrutura de Governança;

MATRIZ DE RISCO – SEM UMA BOA ESTRUTURA DE PROTEÇÃO

Abaixo, outro quadro de análise de risco de uma empresa que está com estrutura societária, Planejamento Tributário, Órgãos de Governança funcionando na prática e acordos formalizados no Protocolo Familiar.

MATRIZ DE RISCO – COM UMA BOA ESTRUTURA DE PROTEÇÃO

Fatores externos para se estar atento

Como pudemos acompanhar até aqui, uma empresa que faz o “dever de casa” ao profissionalizar sua gestão, com regras, acordos e processos bem definidos, é capaz de se proteger quanto aos principais riscos internos que podem causar problemas ao andamento do negócio. Mas só isso basta? Bom, infelizmente sabemos que não.

Afinal de contas, existem também os riscos externos, fora do controle do proprietário ou qualquer membro da gestão. Riscos estes que também afetam os resultados da empresa rural. Estamos falando aqui de questões envolvendo cenário político, economia global, fatores climáticos, aumento no custo de insumos, mudanças de legislação e até mesmo de saúde pública, como visto com a pandemia.

PRINCIPAIS FATORES EXTERNOS DE RISCO

  • 1 – Cenários ou crises políticas;
  • 2 – Economia global;
  • 3 – Problemas de ordem sanitária ou ambiental;
  • 4 – Fatores climáticos;
  • 5 – Aumento nos custos de produção.

Neste caso, não há exatamente o que se possa fazer para impedir tais mudanças, muito menos como prever certos acontecimentos. A sugestão, é mapear a situação do seu negócio e estar sempre atento a todas as variáveis que poderão vir a afetá-lo, buscando informações confiáveis e constante aprendizado sobre os últimos acontecimentos globais.

Mas o principal ponto sobre os fatores externos, e que deve ser plenamente compreendido pelos produtores e membros das empresas rurais familiares, é que qualquer situação de crise será melhor enfrentada quando o seu negócio está bem estruturado.

Essa é, sem dúvidas, a melhor forma de proteção! Pois pensemos juntos com um exemplo: se existe um fluxo de caixa organizado, com previsão de receitas e despesas, será possível tomar melhores decisões sobre a melhor hora de compra, venda, de investimentos ou empréstimos. Não é mesmo?

Em outro caso de reflexão, se existem proteções legais quanto à questões societárias e tributárias, os impactos de uma crise financeira e possível divisão do negócio serão reduzidos, uma vez que os gestores terão as ferramentas certas em suas mãos para tomar as melhores decisões e, em alguns casos, até mesmo transformar a crise em boas oportunidades de negócio.

Formas de proteção da empresa rural familiar

Já entendemos que a profissionalização é o ponto de partida para a proteção da empresa rural familiar. Agora vamos destrinchar as quatro principais medidas, que quando interligadas, proporcionam a estabilidade de desejo de todo produtor rural.

Todo negócio precisa de um bom Planejamento Tributário. É o que irá possibilitar se adequar à lei para pagar menos impostos, reduzindo o risco de multas e proporcionando uma economia com segurança. O produtor precisa estar ciente dos reflexos tributários das decisões a serem tomadas antes de decidir.

A Governança é a medida que irá proporcionar que o negócio tenha acordos e regras claras, uma comunicação transparente entre sócios e os membros familiares e o alinhamento de todos com os objetivos da empresa. É fundamental na preservação da harmonia e DNA da família, pois passa a profissionalização a estrutura do negócio e as definições societárias.

Sem uma boa Gestão Econômica e Financeira, não há como ter proteção. Para isso, é preciso que a gestão olhe os números não só com visão a curto prazo, como também para o futuro, se utilizando de ferramentas modernas para obter indicadores e auxiliar na tomada de decisão por parte dos gestores.

E chegamos até o Planejamento Sucessório, que irá indicar a melhor forma de transmissão das terras e passar a gestão para as próximas gerações, com menores custos, e maior proteção patrimonial. “E qual o melhor momento para isso?”, você pode vir a se perguntar. O sócio-fundador da Safras & Cifras, Cilotér Borges Iribarrem, se encarrega da resposta, ao falar da proteção da empresa rural.

“O melhor momento para planejar a sucessão é na presença dos pais e quando a família está em harmonia. É claro que pode ser feita em momentos de dificuldade também, mas a harmonia é o mais importante, pois se não houver harmonia, na próxima geração o negócio poderá ser fracionado e não ficar na família” – comenta Cilotér.

Por isso, é de extrema importância adotar estas medidas o quanto antes na vida do negócio, e como pudemos ver, especialmente com os patriarcas ainda em vida. Com a junção destes fatores, chegaremos à profissionalização, e a estrutura do negócio estará em bom funcionamento, oportunizando à gestão identificar pontos de melhoria constantemente e utilizar ferramentas de gestão, muito bem-vindas para a organização do negócio.

E com toda essa organização, a empresa rural estará preparando para enfrentar períodos de crise, seja uma baixa de preço, estiagem ou até mesmo uma pandemia. E o atingir o objetivo mais desejado: completar o ciclo de vida do negócio com sucesso e que poderá ser passado adiante às próximas gerações em segurança.

Holding como ferramenta de proteção para a empresa rural familiar

A criação de uma Holding Familiar, modelo de estruturação do negócio familiar através de pessoa jurídica, pode ser uma boa opção de proteção da empresa rural. Na medida que permitirá uma separação clara entre patrimônio e negócio. É claro que a Holding sozinha não é capaz de resolver todos os problemas, mas em muitos casos abre o caminho para a profissionalização.

Muito empresários rurais brasileiros ainda concentram todo resultados da atividade produtiva em nome de uma pessoa física, normalmente do patriarca. E com o acúmulo de patrimônio e o investimento em novos imóveis, pode se tornar cada vez mais complexa a continuidade desse negócio no que diz respeito à sucessão das próximas gerações. Isto porque, em um processo de inventário, por exemplo, pode ocorrer a divisão e alienação dos bens de acordo com a liberalidade dos membros da família.

“Hoje já é normal utilizar a Holding, mas antigamente muito produtor rural tinha terras apenas na pessoa física. Se ele morre, a terra entra em inventário e trava todo processo. E o que isso significa? Se precisar movimentar as contas, dar terra em hipoteca ao banco, precisa-se da autorização de um juiz, o que pode demorar muito tempo. Enquanto isso, o produtor está precisando do dinheiro para plantar no dia certo e não perder parte de seu potencial produtivo. A segurança de que o negócio não travara de uma hora para outra é um dos fatores mais importantes em uma empresa rural” – comenta o Diretor Sandro Elias.

Com este exemplo do Diretor da Safras & Cifras, vemos a importância de se precaver contra quaisquer tipos de empecilhos que atrasem não só o processo de sucessão, como também o processo de produção da atividade. Importante reforçar que, ao contrário das pessoas físicasmas as pessoas jurídicas, quando organizadas, são capazes de transcender as gerações.

“Dentro de uma holding eu consigo organizar para caso surja um problema, eu já tenha as regras prévias de como resolvê-lo. Assim, já se cria maneiras de solucionar conflitos quando se está tudo bem, ao criar modelos que valem pra todo mundo. E também evita o patrimônio da empresa se disperse”, completa Sandro Elias.

Dicas práticas para preservar a continuidade e proteger a Empresa Rural Familiar

Conforme vimos ao longo deste conteúdo, existem diversas formas de proteção ao negócio. E como forma de resumo, trazemos agora algumas dicas práticas para reforçar o conhecimento e auxiliar o processo de proteção. Não se esqueça de compartilhá-las com os demais membros da família.

  1. Dedique energia para o planejamento de sucessão enquanto o negócio e as relações estão bem e estáveis;
  2. Registre todo tipo de acordo para que seja lembrado com detalhes e cobrado no futuro;
  3. É sempre importante proteger e valorizar os patriarcas, além de criar certas definições com os mesmos em vida;
  4. É de suma importância fazer um planejamento tributário, o que pode acarretar em enorme economia;
  5. Quando houver problemas, recorra às práticas de mediação e acordos da Governança para solucioná-los;
  6. Importante instigar a paixão pelo negócio às próximas gerações.
  7. Mantenha-se atualizado, através de fontes confiáveis, sobre política, economia, tecnologia e demais assuntos que possam se relacionar com o negócio.

Se precisar de ajuda, conte conosco

Uma certeza todos nós temos: as crises chegam e passam. E é preciso entender que não existe uma blindagem completa e definitiva da empresa. O que existem são níveis de proteção. E é a partir desse ponto que devem-se basear as estruturas societárias, tributárias, familiares e de gestão: como camadas de proteção.

Assim, ao estruturar de forma profissional cada instância e enfrentar os problemas de forma organizada, quando a crise chegar, será possível sair sem grandes arranhões e, até mesmo, transformá-las em ótimas oportunidades de crescimento.

Nós podemos ajudar a tornar o seu negócio ainda mais profissional. Entre em contato conosco e nos conte qual a sua demanda, e qual etapa da proteção da empresa rural você está precisando de auxílio.

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Sobre a Safras & Cifras

Criada em 1990, na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a Safras & Cifras trabalha para famílias do agronegócio, trazendo soluções em Planejamento Sucessório, Governança, Planejamento Tributário e Gestão Econômica e Financeira, Mediação, Gestão Fundiária e Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO).

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